Aquelas pernas grandes serviam para correr o mundo e medir a envergadura de uma perseguição revolta. Às vezes água fervendo, às vezes lodo opaco.
Ela corria por ruas indomáveis e fugia de uma luta ardente. Sabia que precisaria de perfurações enérgicas para furar o terreno daquele embate secular. Tinha certeza de que seria a dona do petróleo daquela disputa suja.
Seu inimigo baixo continuava incisivo e durante eras eles garimpavam em peneiras furadas, de onde divisavam o sol. Ele roubava, roubava todos os ganhos daquele embate: ouro, rubi, esmeralda, dentes, sangue e bílis. Desta forma, ela se sentia coroada por um bispo etéreo, num reino que poderia ser uma cratera profunda, uma montanha invertida. Ela batia nele como avalanche, derramando todo o seu corpo sobre ele. Ele revidava cruelmente golpeando do fundo de uma erosão temerária.
Ela vencia, ele vencia.
Só não percebiam que eles se vendavam.
Corro o mundo
Com pernas grandes
Onde cabe a envergadura
Dê uma perseguição revolta
Ruas indomáveis
Cheias de luta ardente
Repletas de perfurações enérgicas
Até encontrar o petróleo
Dono de uma disputa suja
Baixo inimigo mineral
Que durante eras
Nós garimpamos
Em peneiras furadas
Divisando o sol
Ouro, rubi, esmeralda
Dentes, sangue, bílis
Pertencentes a um corpo coroado
Numa cratera profunda
(Invertida montanha)
Tornemo-nos avalanches
Deste infinito embate
Eu venço, você vence
Nós vendamos.
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