terça-feira, 10 de outubro de 2017

Perseguição revolta

Aquelas pernas grandes serviam para correr o mundo e medir a envergadura de uma perseguição revolta. Às vezes água fervendo, às vezes lodo opaco.
  Ela corria por ruas indomáveis e fugia de uma luta ardente. Sabia que precisaria de perfurações enérgicas para furar o terreno daquele embate secular. Tinha certeza de que seria a dona do petróleo daquela disputa suja.
  Seu inimigo baixo continuava incisivo e durante eras eles garimpavam em peneiras furadas, de onde divisavam o sol. Ele roubava, roubava todos os ganhos daquele embate: ouro, rubi, esmeralda, dentes, sangue e bílis. Desta forma, ela se sentia coroada por um bispo etéreo, num reino que poderia ser uma cratera profunda, uma montanha invertida. Ela batia nele como avalanche, derramando todo o seu corpo sobre ele. Ele revidava cruelmente golpeando do fundo de uma erosão temerária.
  Ela vencia, ele vencia.
  Só não percebiam que eles se vendavam.


Corro o mundo
Com pernas grandes
Onde cabe a envergadura
Dê uma perseguição revolta

Ruas indomáveis
Cheias de luta ardente
Repletas de perfurações enérgicas
Até encontrar o petróleo
Dono de uma disputa suja

Baixo inimigo mineral
Que durante eras
Nós garimpamos
Em peneiras furadas
Divisando o sol

Ouro, rubi, esmeralda
Dentes, sangue, bílis
Pertencentes a um corpo coroado
Numa cratera profunda

(Invertida montanha)

Tornemo-nos avalanches
Deste infinito embate
Eu venço, você vence

Nós vendamos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário