Papai Noel é um homem grande. É. Gordinho a gente sabe que é grande. Porém a minha ideia de escrita natalina não é sobre um grandão que me traga algo. É sobre um ser minúsculo que não me encontre. Nem aos meus, aos meus amigos, nem às minhas gravidinhas.
O que acontece é que não dá para pensar em uma festa de Natal tropical com o Aedes Aegypti ameaçando a felicidade dos casais que conheço. Não dá. E, corroborando com meu pensamento político, tudo se resolveria se o projeto de lei do então deputado federal Cristovam Buarque fosse votado por aquela corja (não entrou nem em pauta). Tal projeto de lei decretaria que todo filho e neto de parlamentar somente estudasse em escolas públicas. Educação para todos. Saúde. Saneamento básico. E pesquisa.
Me pergunto qual o percentual de bebês africanos nascidos com microcefalia, já que na África o Zika vírus tomba geral há décadas. Me pergunto também se os pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz já estão se informando sobre isso e se a mídia está segurando esta informação por algum motivo.
Pensar em ter que apertar as touquinhas de Papai Noel para cabecinhas de bebê é algo tão revoltante quanto esta pandemia que aterroriza a construção de uma família. Minha revolta estaria bem representada por uma golfada em um auxílio-paletó.
Mantenho meu quintal limpo e minha bolsa está mais pesada devido ao repelente que levo a todos os lugares e ao sentimento de ultraje causado pelo descaso vivido durante todos esses séculos de desleixo do Brasil para com seu povo.
Tento desejar um Feliz Natal, falta uma quinzena. Vou tentando, vou tentando.