Estou voltando do trabalho, são dez e meia da noite. Pedi
para o motorista do ônibus me deixar mais perto de casa e ele não parou onde
seria mais seguro para mim. Dois homens
dentro de um carro seguem meus passos. Pode ser que minha identidade feminina
não seja aceita. Pode ser que eu seja estuprada. Estou gelada, aterrorizada com
o que pode acontecer comigo. Talvez esta seja mais uma história de terror neste
mundo.
Meu filho fez 18 anos. De presente, lhe dei um carro
potente. A juventude pede essas coisas. Mas, ele pisou fundo nas curvas da
Lagoa Rodrigo de Freitas, perdeu a direção e bateu numa das árvores que há anos
recebem porradas de carros potentes. Ele está sendo operado neste momento, seu
crânio quase esfacelou. É possível que ele morra. Estou gelada, aterrorizada
com o que pode acontecer com ele. Talvez esta seja mais uma história de terror
neste mundo.
Em Nice, França, milhares de pessoas comemoram o Dia da
Queda da Bastilha, 14 de julho. Um caminhão muito bem pilotado por um único homem
atropela de propósito centenas de pessoas. Ele desce da cabine e atira contra
as que ainda estão em pé. 84 indivíduos morrem. É uma ação terrorista,
reivindicada pelo Estado Islâmico. Pode ser que as diferenças entre os povos
nunca sejam respeitadas. É possível que o terrorismo no mundo nunca acabe. É
possível que ações terroristas sejam executadas durante as Olimpíadas no Rio de
Janeiro. Estou gelada, aterrorizada com o que pode acontecer conosco. Talvez
esta seja mais uma história de terror neste mundo.