sábado, 28 de janeiro de 2017

à meia-noite você me fez um pedido



me pediu que trouxesse a lua para seus olhos e me pediu para morar em mim.

e eu querendo ser porta sem entrada. ser só saída proibido fumar. proibido amar.

sei que você é mais que eu. por isso a lua cabe no seu olhar. e sua morada é em você mesma.
pode ser que o tempo seja pouco. seja cronômetro madrigal na duração deste nosso caso.

é por isso que lhe cobiço nestas horas lânguidas e impressas, feitora. você é capataz deste meu querer. trabalho sem sucesso em me fazer senhor da sua estância.

melhor a distância. pedido negado. indeferido.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Ritual



Acorda. Corre para o banheiro. Abre o chuveiro se ensaboa enxágua seca com a toalha. Corre para encontrar uma roupa. Veste. Calça. Corre para a cozinha bebe o café do fundo da garrafa.

Acorda, esfrega os olhos, se espreguiça. Olha para o relógio, levanta e abre a janela, o sol tá bonito, lindo dia.  Não toma banho agora não. Sente o calor da sua pele. Respira fundo. Vai para a cozinha, joga o café de ontem na pia, bota a água para ferver. Observa a ebulição. Espera a transformação do pó, a extração de sua essência, em bebida. Enche a caneca. Saboreia. Aproveita esse ritual tranquilo. Refresca o ser. Liga para alguém para ir para a rua junto. Praia, Lagoa, mato. Tudo nesta cidade caótica. Encontra o querer bem em você mesmo.

Acorda, abre os olhos. Olha, enxerga quem está ao seu lado e ainda não acordou. Acompanha a respiração. Desce o olhar pela curva do pescoço, escorre o olhar pelo tórax. Fixa onde o peito bate. Sorria. Encosta a mão. Acaricia com a mais pura das intenções. Desperta o outro. Encontra os olhos. Deixa a lágrima escorrer pelo seu rosto. Agradece ao universo. Aceita o beijo. Chega mais perto. Recomeça a viagem das almas ao encontro. Suspira.


Acorda mais uma vez. Geme. Tenta se levantar da cama sem ajuda. Geme. Corre com passos lentos para o banheiro. Não deu tempo. Cuidado para não escorregar no molhado do chão. Volta para o quarto. Senta de novo. Geme. Implora ao universo o fim deste caminho interminável. Passa a mão no lado vazio da cama. Chora. Sufoca essa dor no peito que aumentou ao longo da ausência. Escuta a porta se abrir. Sorria. Pede ajuda e aceita.

domingo, 15 de janeiro de 2017

Exercício nr. 1: do forçar a disciplina.



É quando se começa a fase de transpiração, 99℅ de qualquer obra que preste. É sentir-se tocado por algo e se por a produzir, mesmo que só o óbvio, o repetido sejam ditos. Burilar as palavras com o cinzel na pedra: Rodin me abrace.

Fazer oferenda às musas, implorando que se aproximem para ver o esforço que se propõe diário. E que não tem frequência. Catapultar a sede de vida para o papel, destruindo as muralhas da inércia. Fazer dança com os pés esquerdos, apesar do silêncio da orquestra. Esquerdo com esquerdo apresenta algo positivo, união de sentidos nesta contra-mão de propósitos.

Que se espalhe massa cinzenta no chão feio de um crânio aberto, ideias espalhadas e  refletidas numa poça dourada de mijo. Que se extirpem  as palavras estagnadas, habitantes de alguma caverna inexplorada, mas que oferece um lago límpido, com conchas de um mar que lá esteve e transformou tudo em areia e solidão, dentro das profundezas de alguém atormentado.

Empalar o sentimento sedimentado que grita ao receber estacas de vigor. Querer sair. Querer oxigênio. Querer sabor.
Saber. Saber continuar no suor da criação. Saber ser.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Para entender






Emagrecer
Finalizar tudo que foi iniciado
Parar de fumar
Beber só nos fins-de-semana
Ligar mais para a minha mãe
Procurar um novo emprego
Viajar

                                               Minha zona de conforto
                                                Comodidade
                                               Estagnação
                                               Ganho psicoemocional
           
                        Réveillon dormindo
                        Ócio nos feriados
                        Despertador quebrado
                        Cama por fazer

                                                                       Chefe pentelho
                                                                       Promoção que não chega
                                                                       Comida a peso
                                                                       Metrô lotado
                       
Colesterol alto
Possível embolia pulmonar
Barriga grande
Desejos não realizados

                                              
                                               Zona de conforto
                                               Zona de conforto
                                               Zona de conforto