Mudar de ares, era o que ela
precisava. Sabia disso com uma certeza que lhe rasgava o cérebro e doía, muito.
Nestes momentos de calvário, seu temperamento fantasioso a fazia escapar para
suas invenções típicas de uma era futurista, onde ela certamente se sentiria
mais em casa.
Ela sentia sobre sua cabeça
nuvens carregadas de mau augúrio, porém, de forma otimista, entrava em devaneio
elaborando gigantescos ventiladores suspensos na atmosfera que seriam capazes
de soprar as nuvens pesadas para o mar e fazer o sol aparecer no clima de qualquer
cidade, estado ou país. Ela se sentia como se fosse esse estado, em que os meteorologistas
dão a previsão de chuva constante com rajadas de ventos fortes, provocada pela
formação de cumulus nimbus em todo o
litoral.
De repente, algo a fazia aterrissar.
Um alerta, um aviso que sua mente lhe enviava para se conectar com a realidade
novamente e saltar no próximo ponto de ônibus. Trabalhava pesado como
balconista de farmácia, mas estava juntando dinheiro para poder fazer o curso
de edição de imagens. Adorava cinema, mas fazia tempo que não assistia a uma
sessão, porque o preço do ingresso anda estratosférico. Curtia a TV a cabo
pirata em casa, assumindo sua condição de escapista.
Enxergava no curso de edição de
imagens uma chance de trabalhar com o que realmente gosta. Imagens, cinema,
televisão. E ter um bom salário,
compatível com sua capacidade criativa. A cada manhã, na fila do ponto de
ônibus para voltar ao trabalho, imaginava seu teletransportador, que a levaria
ao trabalho em questão de segundos e economizaria 90 minutos de sua preciosa
vida.
Ainda faltava o dinheiro
suficiente para ela poder se alimentar durante o curso. Apesar de ser quase uma
lunática, tinha os pés no chão para concretizar seu sonho. Dentro do ônibus,
pensava em fazer uma parceria com nutricionistas, para poder se alimentar das
cascas dos alimentos e receber a mesma carga de nutrição deles. Assim, não
demoraria tanto tempo trabalhando na farmácia.
Já era hora de saltar do ônibus
para enfrentar mais nove horas em função de atividades laborais. Não, ainda não
podia mudar de ares. Faltava pouco para poder estudar o que queria. Gostaria de
poder oferecer um sabonete que já fosse repelente de mosquitos, mas não era
hora. O momento era de atender bem e com delicadeza. E juntar mais dinheiro.
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