segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Ideias



Mudar de ares, era o que ela precisava. Sabia disso com uma certeza que lhe rasgava o cérebro e doía, muito. Nestes momentos de calvário, seu temperamento fantasioso a fazia escapar para suas invenções típicas de uma era futurista, onde ela certamente se sentiria mais em casa.
Ela sentia sobre sua cabeça nuvens carregadas de mau augúrio, porém, de forma otimista, entrava em devaneio elaborando gigantescos ventiladores suspensos na atmosfera que seriam capazes de soprar as nuvens pesadas para o mar e fazer o sol aparecer no clima de qualquer cidade, estado ou país. Ela se sentia como se fosse esse estado, em que os meteorologistas dão a previsão de chuva constante com rajadas de ventos fortes, provocada pela formação de cumulus nimbus em todo o litoral.
De repente, algo a fazia aterrissar. Um alerta, um aviso que sua mente lhe enviava para se conectar com a realidade novamente e saltar no próximo ponto de ônibus. Trabalhava pesado como balconista de farmácia, mas estava juntando dinheiro para poder fazer o curso de edição de imagens. Adorava cinema, mas fazia tempo que não assistia a uma sessão, porque o preço do ingresso anda estratosférico. Curtia a TV a cabo pirata em casa, assumindo sua condição de escapista.
Enxergava no curso de edição de imagens uma chance de trabalhar com o que realmente gosta. Imagens, cinema, televisão.  E ter um bom salário, compatível com sua capacidade criativa. A cada manhã, na fila do ponto de ônibus para voltar ao trabalho, imaginava seu teletransportador, que a levaria ao trabalho em questão de segundos e economizaria 90 minutos de sua preciosa vida.
Ainda faltava o dinheiro suficiente para ela poder se alimentar durante o curso. Apesar de ser quase uma lunática, tinha os pés no chão para concretizar seu sonho. Dentro do ônibus, pensava em fazer uma parceria com nutricionistas, para poder se alimentar das cascas dos alimentos e receber a mesma carga de nutrição deles. Assim, não demoraria tanto tempo trabalhando na farmácia.
Já era hora de saltar do ônibus para enfrentar mais nove horas em função de atividades laborais. Não, ainda não podia mudar de ares. Faltava pouco para poder estudar o que queria. Gostaria de poder oferecer um sabonete que já fosse repelente de mosquitos, mas não era hora. O momento era de atender bem e com delicadeza. E juntar mais dinheiro.



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